Esta é a pergunta que o escritor José Saramago nos lança nesse depoimento parte do documentário Janela da Alma.
Como você relaciona essas provocações de Saramago com Arte e com "fazer Arte"?
Escreva um texto sobre isso e entregue-o na próxima aula (30/05).
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ResponderExcluirJosé Saramago, o capitalismo autoritário, a arte e a ação
ResponderExcluirJoão Matos, Maio de 2011
Trançando paralelos comparativos, este escritor lusitano apresenta seu panorama sobre a sociedade contemporânea. Denuncia a ditadura econômica pela qual passamos atualmente e o quanto estamos anestesiados, o quanto nos deixamos ser manipulados por uma “máquina” que parece nos empurrar, a todos, para o alto de um precipício.
Que a sociedade capitalista ruma ao colapso, disto, não há dúvidas. As rachaduras deste sistema econômico já se fazem nítidas há muito tempo. Mas estamos tão preocupados em triunfar na vida, tão imersos na gelatina opaca e pegajosa do consumismo desenfreado, que mais nos importa acumular bens que desfrutar nossos desejos. Mesmo com a poluição informativa, com o excesso de dados que nos transitam cotidianamente, mesmo obstruídos pela publicidade ostensiva, ainda é possível ver pelas frestas de pensamento crítico que nos resta, o cenário que desmorona diante de nós.
E já que todos sabemos que não caminhamos rumo ao paraíso, por que persistimos nesta caminhada? Talvez não haja apenas uma resposta para esta pergunta. E em cada trajetória estejam mescladas diversas justificativas, particulares, intransferíveis, pessoais. Assim também se fazem as possibilidades de resistência, de ação não reprodutiva, de emancipação. E a arte é grande aliada aos que buscam transgredir suas rotas. A arte em seu sentido amplo, não restrito ao campo do conhecimento, não presa à moldura ou ao rol de saberes eruditos, mas sobretudo a arte que se faz interativa, que comunica facilmente com diversas classes, que interrompe, que assalta, que quebra e suja a lógica de reprodução industrial a qual nos submetemos.
Exercer o livre arbítrio que nós é de direito só é possível se nos propomos ao exercício constante de analisar e criticar nossa postura. E no presente, por favor! Não há outro momento a ser vivido e por tanto não há outro campo onde exercer tamanha liberdade sobre nossas vidas. É no presente que se faz viva a experiência estética capaz de emancipar o ser através de artifícios pertinentes a cada projeto, a cada ação artística. Entre os meandros de consciência condicionada nos deparamos com a possibilidade de (re)inventar, de (re)significar, de mover e não de sermos movidos.
O público ganha e o artista também. A troca se faz na ponte entre o propositor e o espectador co-criador, que participa, que interage, que escolhe e não tem seu direito de escolha violado, mas pelo contrário, exalta-se a escolha, a liberdade do público. O que para o artista propositor já se faz, neste mesmo sentido, um exercício de autoanálise, de busca interna pelo aprimoramento de sua tenologia, pela instrumentalização, tudo em prol de uma emancipação, de um choque consigo mesmo, da constatação dos próprios limites e da superação dos mesmos. Não em função da demanda do mercado mas tendo como guia a subjetividade, a pesquisa pessoal, a busca particular que reside no intimo ser e não se compra na loja de conveniência.